No texto “Medo ou Conforto? Escolha seu Cárcere”, falei sobre como o medo e o conforto podem se tornar prisões invisíveis. Ficamos paralisados entre o desejo de mudança e a segurança do que já conhecemos, criando um cárcere mental que nos impede de avançar. Mas se o medo está nos travando, será que ele realmente quer nos prejudicar? Ou será que há algo que ainda não conseguimos enxergar?
Nos últimos tempos, ao refletir sobre minhas próprias decisões e desafios, percebi que o medo não é apenas um obstáculo, mas também uma oportunidade de questionamento. A partir disso, novas perspectivas e interpretações dessa emoção surgiram, permitindo-me escrever mais sobre.
Por que sentimos medo?
Não, não é só porque o cérebro quer te sabotar ou porque você é ansiosa demais. O medo é um mecanismo de sobrevivência. Ele existe porque, lá atrás, nossos ancestrais precisavam dele para não serem devorados por predadores. Hoje, os leões foram substituídos por boletos, mudanças inesperadas e aquele sentimento de não saber exatamente para onde está indo. Mas a raiz do medo continua a mesma: a necessidade de controle e a aversão à incerteza.
Só que tem um detalhe: muitas vezes, o que chamamos de medo não é um sinal de perigo real, mas sim um reflexo de experiências passadas. Traumas, rejeições, falhas antigas e até expectativas que colocaram sobre nós criam essa barreira invisível que nos impede de avançar.
Quando o medo é um eco do passado
Vou te contar uma coisa: durante muito tempo, eu me senti paralisada diante da ideia de construir algo novo, de mudar de caminho, de me expor mais digitalmente. A sensação de não estar fazendo o suficiente, a procrastinação mascarada de perfeccionismo e o medo de falhar publicamente eram fantasmas que me acompanhavam. No fundo, o medo não era da ação em si, mas do que ela poderia significar: ser julgada, ser mal compreendida ou, pior, perceber que aquilo que eu idealizei não sairia como esperado.
E a verdade é que já aconteceu. Já tentei me reorganizar várias vezes, já gastei energia em projetos que não deram certo, já me sabotei porque, no fundo, estava com medo de que realmente funcionasse e me tirasse do lugar que já conheço. Só que tem um detalhe: todas essas experiências me trouxeram até aqui. Elas fazem parte da minha construção, e não da minha destruição.
O que o medo está tentando te ensinar?
O medo não é o vilão da história. Ele só está te avisando que existe algo importante ali, algo que mexe com você. Talvez seja um chamado para olhar para sua própria história e entender de onde vem essa resistência. Talvez seja um lembrete de que você está prestes a sair da sua zona de conforto e precisa de coragem, não de fuga.
Da próxima vez que sentir medo, faça um teste: em vez de evitar, se questione. O que realmente está por trás desse sentimento? É medo do fracasso ou medo do sucesso? É receio do desconhecido ou apego ao que já é familiar?
Porque, no fim, crescer é desconfortável. Mas continuar no mesmo lugar por medo de tentar pode ser ainda pior.
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